2010/04/05

O Fim

Pois bem, depois de um ano e meio este blog chega ao fim. Foi uma experiência interessante, e até gostaria de a continuar, mas acho que está na hora de lhe pôr termo. Quando comecei este blog, tinha vários propósitos em mente. Um deles era dar a conhecer tradições Católicas (Romanas) "perdidas", dar a conhecer um pouco a Missa Gregoriana, e com isso ajudar-nos a redescobrir a nossa identidade enquanto membros do Corpo Místico inserido numa Igreja particular. Também desejava dar a conhecer as outras Igrejas Católicas. Passado este ano e meio, dado a afluência (ou melhor, a falta dela) acho que não cheguei a concretizar nenhum destes dois propósitos.

Mas outro motivo - e talvez o motivo - que me leva a terminar este blog é o anonimato, a privacidade. Se a Internet tem algo em abundância é gente opinada. E dado essa abundância, não precisa de mais um opinado, especialmente para "teologia de sofá". De certo modo, este blog tornou-se demasiado pessoal. Aos poucos uma espécie de vaidade foi-se infiltrando aqui: o desejo de pôr as minhas ideias cá fora e ter gente a concordar foi ganhando terreno. Isso é algo que não quero. Já tenho bastantes coisas com que lutar interiormente para estar a acrescentar mais batalhas. Ao se tornar um blog demasiado pessoal também perdi um pouco o anonimato que sempre desejei. Se há uma coisa que sempre quis, foi poder passar pela vida sem que fosse notado. Escrevendo coisas que ficam na Internet, acessível a todos (talvez para sempre), não é das melhores maneiras de manter esse anonimato. Portanto regresso ao silêncio. Espero não vos ter maçado muito com as minhas divagações, e que ao menos possam ter tirado qualquer coisa, por mais pequena que fosse, de proveito daqui. E que todos continuem no caminho de Cristo. Feliz Páscoa a todos!




Χριστός ἀνέστη! Ἀληθῶς ἀνέστη!

2010/04/03

Exsultet


Das várias versões do Exsultet que já ouvi, esta é das minhas favoritas.

2010/04/01

Sexta-feira Santa





«Mas foi ferido por causa dos nos­sos crimes, esmagado por causa das nossas iniquidades. O castigo que nos salva caiu so­bre ele, fomos curados pelas suas chagas.» (Is 53, 5)

Vale a pena ler o 53º capítulo de Isaías hoje.

Desabafos

Às vezes questiono-me se outras pessoas se preocupam em pertencerem a algo com continuidade. Eu não sou uma ilha; não vivo isolado. Não me defino em relação a mim mesmo. "Diz-me com quem vives e dir-te-ei quem és" diz o velho adágio, e cada vez mais me convenço da verdade desse ditado. Os meus amigos ajudam a definir-me, mas só eles não são o suficiente para eu saber quem eu sou. Estou inserido num país, num cultura, e isso também me ajuda a definir a mim mesmo. Eu sou parte de algo maior, a minha vida encontra-se inserido em algo que vai muito para além da minha simples e finita existência material. Sou sustenido aos ombros dos que vieram antes de mim; hei-de servir para suster os que vêm. Nada é meu; tudo foi-me dado. Que seria de mim fora desta continuidade? Seria alguém sem um passado, e consequentemente alguém sem futuro. Não me invento a mim mesmo; não sou solipsista; não sou o meu próprio Deus. Às vezes sinto que o mundo moderno Ocidental está afectado desta loucura, de desejar liberdade como um fim em si mesmo. Deseja-se a liberdade total, até mesmo do passado. Deseja-se liberdade dos limites, esquecendo que são os contornos que dão forma e tornam as coisas inteligíveis. Deseja-se a liberdade de caminhar para o vazio, para a não-existência...
E assim também é a salvação: a minha depende de todos, e a de todos depende de mim. Ninguém se salva só, e todos só nos salvámos pertencendo ao Corpo d'Aquele que é maior que nós. É Ele que me liga a todos, e todos a mim.
+ Senhor, que eu consiga receber com humildade tudo o testemunho dos que vieram antes de mim, para que o consiga passar aos outros. +