2009/02/27

Para meditar um pouco

Santo Inácio de Antioquia escreveu cartas a várias igrejas quando se dirigia para Roma para sofrer martírio. Acho que esta frase tirada da Espístola aos Romanos tem muito que se lhe diga:



"Eu sou o trigo de Deus, e deixai-me ser moído pelos dentes das feras, que me possa tornar o pão imaculado de Cristo."



Que fé a deste Padre da Igreja. E eu, consigo aceitar os meus sofrimentos e transformá-los em uma "oferta aceitável" aos olhos de Deus?

2009/02/26

Uma arca de tesouros

Nas minhas aulas de preparação para o Crisma fui apresentado a alguns dos Padres da Igreja. Não que não tivesse já ouvido falar deles, mas tinha sido uma coisa muito por alto; nas aulas tive hipótese de ler alguns excertos das obras de alguns deles. O pouco que li (alguns trechos de obras de S.to Ireneu e Sto. Atanásio) foi o suficiente para semear o desejo de querer saber mais sobre eles e os seus ensinamentos. Acabei por comprar um livro que recomendo como introdução - The Fathers of the Church, por Mike Aquilina. As 289 páginas parecem ser poucas demais para eles, mas também o autor esclarece desde logo na introdução que esto livro é apenas isso: uma introdução. Quem quiser saber mais pode sempre progredir mais um pouco e ler as obras dos Padres. É incrível ver como estes homens viviam a sua fé, de como a descreviam (muitos apenas em termos Eucarísticos), e de como, apesar do "fosso" de quase 2000 mil anos, ainda professamos a mesma fé. Aliás, é através deles que conseguimos visulmbrar o quão Católico realmente era (e é) a Igreja: homens de culturas e costumes diferentes, de tradições liturgicas diferentes, mas com o mesmo credo e com uma liturgia fundamentalmente igual. Há muito a aprender com eles, ainda para mais que vivemos em tempos muito semelhantes aos dos primeiros Padres.


Fica aqui um link para o blog do autor: The Way of the Fathers.

Uma semana depois

Já passou uma semana e um dia desde que regressei a Portugal. As coisas estão diferentes, mas ao mesmo tempo estão na mesma. Sinto um enorme mal estar, um enorme desassossego interior. Tenho dedicado mais algum tempo à oração que tinha ultimamente, mas mesmo assim a alma continua irrequieta. Aos poucos, parece que o tempo vai dilatando, que já cheguei há muito tempo. E as brumas do esquecimento vão tentando se por entre mim e as memorias de um passado recente, tentando fazer com que eu olvide caras de pessoas que se me fizeram queridas em tão pouco tempo. Caras amigas poucas vi desde que cheguei. A vida continuou para quem eu cá deixei enquanto estive fora, e não posso esperar que deixem os seus afazeres para me visitarem e dar dois dedos de conversa.
Suponho que devo encarar esta inquietação como mais uma cruz a carregar nesta perigrinação. E sendo ela uma cruz, há que abraçá-la por Amor.

2009/02/16

E é já amanhã

Em menos de 24 horas estarei a caminho de terra lusitanas. Para trás ficam 5 meses de uma vida diferente, de novas amizades, de algumas descobertas, e de um grande agradecimento a Deus por tudo. Deus queira que em regressando a Portugal não regresse quem de lá partiu.

2009/02/11

Poverelli

Passei alguns dias com uma comunidade de franciscanos, dos Frades Franciscanos da Imaculada. Apesar de ter sido só 3 dias, foram três dias de muita oração. Levantavamos às 5:30 para rezar o Ofício, que era seguido de um terço, e depois a missa. O pequeno almoço era por volta das 8:00. Depois disso havia umas quantas horas de trabalho, que ora se passavam em silêncio ora em oração em comum (enquanto se trabalhava). Pelo que me contaram, os postulantes aproveitam essas horas de trabalho alguns dias por semana para ter aulas (de italiano, latim, catequese, música, e teologia franciscana). Depois do almoço havia uma hora para a sesta. À tarde havia expsoiçãodo Santíssimo, tinha-se mais um terço, e rezava-se o hora do Ofício correspondente. O tempo que decorria entre o final da oração comunitária e o jantar era passado ou com trabalhos pendentes ou com estudos. Depois do jantar, rezava-se as Completas e após isso tinha-se o chamado "grande silêncio" até às 22:30, que era à hora a que se apagavam as luzes.

O silêncio imperava dentro do clausto, fora o toque do sino para dar sinal de quando nos deveriamos reunir, e o os ruídos normais de quem trabalha. Nesse silêncio exterior é que uma pessoa realmente percebe o quanto tem de barulho interior.
Como me disseram, os franciscanos raramente comem o mesmo prato duas vezes :-D Como dependem de esmolas, come-se o que lhes foi oferecido, portanto há sempre variedade. Embora tenham uma pequena reserva dessa comida que lhes é oferecido, já lhes aconteceu várias vezes ter que ir até à aldeia mais próxima mendigar comida.
Os franciscanos têm mesmo uma vida muito frugal, e de penitência. Confortos, que eu visse, não havia nenhuns. O convento era bastante pequeno e humilde (só a zona das visitas e a capela eram as zonas mais "ricas"); mesmo as celas eram bastante pequenas. Na minha apenas havia uma cama bastante simples de estrado de madeira e um colchão de espuma (mas diga-se que nunca passei uma noite mal dormida), um pequeno banco de madeira (de certeza fabricado pelos frades), e um pequeno móvel de madeira; suponho que nas restantes celas era o mesmo.

Gostei bastante do tempo dado à oração, à forma como celebravam a liturgia, do facto de haver bastante canto gregoriano, e também do papel que a Providência tem na sua vida. Mas por algum motivo, não senti o mesmo tipo de ligação que senti como quando estive com os Discipulos. Dessa vez houve algo que fez "clique", que disse "aqui sim". Quiça, as circunstâncias actuais me tivessem baixado os ânimos. De qualquer maneira, terei que voltar a visitar os Discipulos para confirmar se realmente é para ali que Deus me chama. Mas quando fôr a Fátima hei-de aproveitar para dar um pulo à comunidade dos frades lá existente nem que seja só para dizer olá.

Fica aqui um video que encontrei filmado na capela no dia de entrada dos postulantes:


Aproveito e dou-vos também o link para a página "Mariana" dos frades: Air Maria

2009/02/06

Mais um etapa

Hoje terminou mais uma etapa da minha vida. Hoje foi o meu último dia de trabalho. Despedi-me de muita gente que durante 3 meses fizeram parte do meu dia-a-dia, que aos poucos foram crescendo em mim (e eu neles, pelos vistos). Ainda me custa a crer que nunca mais os irei ver. Penso que nunca gostei tanto de trabalhar num lugar como ali. Todos os dias aguardava anciosamente a hora de ir trabalhar. Mas enfim, a força das circunstâncias obrigaram a dizer adeus a este gente que trarei para sempre no coração. Sentimentalismos à parte, não foi para eles que vim para aqui e não pode ser eles que eu queira ficar.

Mas a vida é feita de encontros e desencontros, e por vezes os que apenas entram na nossa vida por breves momentos são quem a tocam mais. Agradeço-Te Senhor meu Deus por me teres dado a conhecer esta gente, e pelo tempo que passei com eles. Aprendi muito com eles, inclusive a Te encontrar através deles também. Por favor Senhor, olhai por eles.