2009/09/04

A Casa dos Mortos

Acabei de ler mais um livro do meu autor favorito, Fyodor Dostoyevsky. Desta vez foi A Casa dos Mortos. Esta obra é semi-autobiográfica. Dostoyevsky passou 4 anos num campo penal na Siberia, e este livro retrata a vida dentro do campo penal.
Como sempre, Dostoyevsky oferece-nos uma visão da psicologia por detrás das suas personagens. Aleksandr Petrovich (o personagem principal/narrador) é da nobreza russa, e é condenado a 10 anos de trabalhos forçados num campo penal pelo assassínio da sua mulher. Essencialmente, o livro só descreve o primeiro e último ano passados no campo (a justificação dada pelo narrador é de se "ter esquecido" dos restantes). Somos confrontados com as condições do campo penal e da vida dos prisioneiros. Inicialmente a única coisa que ocorre ao Aleksandr é o horror e o desespero de ter de passar "uma eternidade" com gente que desconhece, que lhe é hostil pelo simples facto dele ser da nobreza, e da vida desperdiçada atrás das paredes do campo. Mas com o passar dos anos, vai-se apercebendo que debaixo das máscaras que os outros prisioneiros aparentam, que existe vida, que existem pessoas de verdade. Inicialmente o seu estado de espírito impede-lhe de ver a realidade, mas com o passar dos anos, com a convivência, o espírito dele vai-se convertendo. Tenta ir percebendo o que de facto vai na alma daqueles homens a que o destino o uniu, e aos poucos vê-se obrigado também a olhar para o seu interior. Chegado ao fim, quase se nota uma certa tristeza em deixar para trás certas pessoas, sem saber do seu destino.


É neste mundo de dor e sofrimento que ele aprende o valor da humildade, que aprende o valor de viver, e ao sair dá prisão sente que realmente ressuscitou de entre os mortos.

De facto o livro não deixou nada a desejar. Fyodor nunca deixa de transmitir, embora de forma sublime, a mensagem do Evangelho nas suas obras. Como disse um conhecido meu há tempos: os livros dele quase que servem de leitura espiritual.


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