2010/02/22

Nestes últimos dias chamaram-me a atenção para algo de que eu desconhecia por completo e que gostaria de partilhar com vocês. Não sei quantos de vocês já assistiram a leituras cantadas durante a Missa. Eu já assisti a algumas (na tradição Bizantina isto é mais comum do que na tradição Romana) e várias vezes me questionei quanto a lógica de o fazer. Não que não goste (prefiro-o até à leitura "normal" por questões estéticas), mas não entendia como é que uma pessoa é suposto perceber o que está a ser lido se essa leitura é cantada. Também me fazia um bocado de confusão de em tempos passados as leituras serem, no rito Romano, em Latim. Mas alguém esclareceu-me em relação a estes pontos.
Quanto à leitura ser em Latim, havia o costume de se fazer uma leitura no vernacular antes da homilia ou então depois da Missa (imaginem isso hoje em dia - pessoas a ficarem depois da Missa!), dentro ou fora da igreja, com a respectiva homilia. Mas qual a lógica disso, perguntam vocês? Está, a meu ver, intimamente relacionado com o facto de se fazerem leituras cantadas. É que as leituras eram cantadas porque a leitura era visto como uma oração em si (isto dentro do contexto da Missa)!!! Ao contrário do que se passa hoje, as leituras não eram suposto terem como função serem devoções privadas tipo Lectio Divina. Essencialmente elas são encaradas assim na Missa actual: uma espécie de Lectio Divina, como funções catequéticas; isso é uma das razões que levou à inclusão de mais leituras no missal, de modo a que agora haja três ciclos liturgicos para os Domingos e dois para os dias de semana, em vez de um só, como antigamente. Como diz um conhecido meu (e diz muito bem): tradições são baseadas nos rítmos do ano. Com apenas um ciclo de leituras, as pessoas familiarizavam-se mais com as leituras, havia "Domingos de...", e existiam hinos apropriados para cada altura. Mas como dizia, as leituras faziam parte do próprio culto. E esta, hein?

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