2008/10/24

Algumas ideias sobre o Terço

Recordo-me vagamente de quando era pequeno a minha avó tentar-me insinar a rezar o terço. Não me lembro se ela teve êxito ou não. O que me recordo é que acabei por achar que rezar o terço era aborrecido e inútil. Era de esperar com um criança de 3 anos.

O que me ficou foi a ideia de o terço ser algo mecanizado, repetitivo. Foi assim que me explicaram. Mas só me explicaram a parte exterior de rezar o terço; nunca a parte interior (quanto à parte interior, tinha que se"rezar com fé a Nossa Senhora"). Talvez terá sido porque eu fosse pequeno nessa altura e não perceberia, ou porque talvez também só o soubessem rezar assim. Mesmo anos mais tarde, depois de voltar para a Igreja, continuava com esta visão distoricida do que é rezar o terço. Tinha-me esquecido de como se rezava e evitava até de (re-)aprender.

Mas um dia tive curiosidade de ver donde vem o terço. Afinal, faz parte da nossa tradição enquanto Católicos; como poderia eu depois explicar a alguém porque é que o rezava? Foi nestas andanças, de querer saber mais sobre Santo Domingos (segundo diz a tradição, a Virgem entregou-lhe o terço numa aparição) e o papel da Virgem na salvação, que tive ocasião de falar com um bom amigo meu que me ensinou realmente a rezar o terço - i.e., tanto exteriormente com interiormente. Com o tempo tenho vindo a apreciá-lo melhor, a encontrar paz, iluminação, assim como uma maior devoção à nossa mãe espiritual.De facto, rezar o terço deve empregar tanto a parte corporal como a espiritual do nosso ser. Há várias maneiras de o rezar. Às vezes pode-se só rezar "por rezar" (ou vocalizar as orações ou dizê-las no nosso intímo), sem se estar a meditar. Não me refiro aqui a um acto puramente corporal e mecânico, mas sim em rezar com intenção. Quando estamos com alguém que amamos não nos cansamos de lhe dizer: é esta a intenção de que falo.

Outra alternativa é meditar/contemplar os mistérios enquanto se vai orando vocalmente. Este método demora o seu tempo a dominar, mas penso que ajuda a compreender um bocado melhor como poderemos rezar sem sessar. Quando uma pessoa medita/contempla os mistérios enquanto está simultaneamente a rezar as Avé Marias, está de facto a rezar duas vezes ao mesmo tempo. A boca vai "recitando" (o que por sua vez também nos ajuda a concentrarmos, para além de estarmos a rezarmos à nossa mãe) e o nosso interior vai meditando/contemplando. Quiçá, com tempo e oração, não se possa vir a rezar constantemente no nosso interior enquanto fazemos as coisas do dia-a-dia.

Os nossos irmãos Orientais e Ortodoxos falam muito disto de que acabo de referir. Também eles têm um "terço", que chamam cordão de oração; mas em vez de rezarem Avé Marias rezam a Oração de Jesus.
Exemplo de um cordão de oração (chotski, russo; komboskini, grego)

Com tempo meto uns links com mais informações sobre rezar o terço, porque nem todos rezamos da mesma maneira, e de facto vale a pena aprender a amar esta potentíssima arma espiritual.

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