2008/10/23

Andanças pela natureza

Hoje recebi a notícia de que dentro de alguns dias irei-me encontrar com o meu novo director espiritual. Cheio de nervosísmo e de perguntas, decidi ir dar uma caminhada pelo parque próximo donde moro. Às vezes gosto de rezar enquanto ando - a cadência dos passos ajuda-me a concentrar melhor na oração.










E enquanto andava ia pedindo clareza a Deus e perguntando como será a reunião, como é que irei reagir, será que obterei mais algumas respostas para esta caminhada... Enfim, uma interminável lista de perguntas. E à medida que ia caminhando estás perguntas iam-me deixando cada vez mais irrequieto.

Foi então que finalmente me apercebi de um barulho que me chamou de volta ao mundo que me rodeava. Era o som "estaladiço" das folhas secas debaixo dos meus pés. Parei e olhei em redor. Cheirei o inconfundível odor de folhas secas. Ouvi os bandos ruídosos de gansos que voavam em Vs enormes, a caminho de zonas mais quentes. Vi árvores pintadas de vermelho, outras de dourado, outras de laranja. Vi o sol a pôr-se, e uma manada de veados que pastava ao longe parada a olhar para mim. Senti o vento frio que me atravessava de um lado ao outro e o nariz que começava a correr.

Fui chamado ao momento, ao aquí e agora. De repente esqueci todas aquelas perguntas. Fez-se silêncio em mim, e com isso veio a tranquilidade. Era como se o Senhor dissesse "Não te preocupes. Vai e confia." É algo que tenho de aprender a fazer - confiar mais em Deus (e quem diz Deus também diz nos outros). Tenho o mau hábito de tentar fazer tudo sozinho, de prever todas as possibilidades de um acontecimento e isso muitas vezes acaba por me impedir de agir (Já dizia o personagem das Notas do Subterrâneo do Dostoievski que "pensar demais é uma doença!"). Só pode agir com confiança, e a única confiança que se tem é Deus. É Ele a nossa base, o nosso fundamento. Nunca nos faltará, disso podemos ter certeza. E é com esta confiança que se consegue realmente viver. E quando digo realmente viver quero dizer viver o momento presente, dar o nosso todo por Deus e pelos outros agora, sem nos preocuparmos com o que está para trás nem com o que está para vir. Não quero com isto dizer que se deve esquecer o passado ou negligênciar o futuro; apenas que não nos deixemos consumir por eles ao ponto que apaguem o presente. O que passou passou; não se pode alterar. Se procedêmos mal no passado e se pecamos, peçamos perdão a Deus e força e clareza para agir melhor no futuro.


Viver aquí e agora, para nos entregarmos totalmente a Deus e aos nossos irmãos, só assim poderemo-nos salvar. É um desafio enorme. Talvez até o desafio. Mas é possível desde que oremos e confiemos em Deus.


Espero que gostem das fotos. Tirei-as depois de "voltar ao momento".

1 comment:

erute said...

Gostei imenso desta tua reflexão.
Caminhei pelos mesmos caminhos que tu enquanto li as tuas descrições.

Rezo por ti, também!