2008/11/07

Deus das pequenas coisas

Porque trabalho eu? Com que finalidade é que quero dinheiro na minha conta no final do mês? Será que quero uma casa grande, um carro, poder ir de férias a destinos exóticos? Ou talvez queira comprar todos esses "brinquedos" superfluous com que a publicidade me bombardeia? Não, creio que não é isso. Em tempos terá sido assim. Havia sempre aquela espectativa de receber o ordenado para poder comprar isto ou aquilo que eu tanto queria, que "precisava". E quando finalmente tinha essa coisa já não era o suficiente, não preenchia aquele vazio, não era aquilo que imaginava que iria ser. Solução: seguir para a próxima compra.

Mas ultimamente já não é o querer ter que me motiva para trabalhar. Há algo que tem surgido nas minhas orações: pobreza, tanto de espírito como material. Será que pobreza material é sinónimo de pobreza de espírito? Penso que não necessariamente. Conheço gente necessitada que mesmo assim não deixam de ter um coração duro, que não são pobres de espírito. Então como se relacionam um com o outro?

Pobreza de espírito é ser pobre perante Deus, reconhecer-mo-nos como pedintes dependentes da sua bonança. Quanto mais nos reconhecemos devedores, menos exigimos (no sentido de "eu tenho direito a..."), e mais apreciamos o que Deus nos dá. Deus dispõe na nossa vida do necessário para a nossa salvação: é preciso não perdermos isso de vista. Penso que quanto mais gratos Lhe somos, mais nos apercebemos que nada é realmente nosso, que tudo provem d'Ele. E é por esse caminho que podemos chegar a o que eu chamo uma pobreza material "sã".

Porque Deus é infinito, revela-se paradoxalmente nas pequenas coisas. É esse saber encontrá-Lo na imensidão dos pequenos detalhes que nos ajuda a despirmos as coisas superfluas da nossa vida. Consegui-mo-Lo encontrar no sorriso de um amigo, na ajuda inesperada de um estranho, num música, num pôr-do-sol, numa brisa... Porque reconhecemos o muito que nos dá e o pouco que realemente precisamos, dispomos mais facilmente do que é "nosso" para dar aos outros. E, quiçá, não podermos com esta atitude chegar ao extremo de nada termos para tudo darmos...

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