2008/11/05

"Mudança"

Ontem os americanos escolheram "mudança". Mas qual é a mudança em que os americanos votaram? Numa sociedade onde somos constantemente convidados a consumir o que é novo e a deitar fora o antigo só porque passou de moda, o que é que isso diz acerca das nossas crenças? Não reflecte isto um gosto de mudança só pela mudança, pelo facto de ser novo? Não que mudar seja necessariamente mau, mas deve ter sempre como objectivo uma mudança para melhor e estar fundado sobre um passado sólido.
Há muita expectativa em torno do Obama. Muito sinceramente, do que tenho visto, ouvido, e lido não vejo grande diferenças entre ele e o McCain. Perdoem-me o cinísmo, mas penso que este canto do mundo continuará a marchar ao som do mesmo tambor, como tem vindo a fazer já há vários anos.

Não querendo tomar partido de nenhum dos candidatos principais (até porque o meu voto foi para um desses candidatos mais obscuros, que nunca apanham tempo de antena seja aqui seja no exterior), mas intrigou-me um pouco a preferência de muitos eleitores Católicos pelo presidente-eleito Obama. O seu vice-presidente Joe Biden é (ou pelo menos diz-se) Católico, mas vários dos seus comentários e opiniões obrigam uma pessoa a perguntar se realmente o é. A ideia com que se fica é do que aqui chamam um "cafeteria Catholic" - ou seja, um Católico que escolhe o que lhe convem dos ensinamentos da Igreja (e a fortiori, de Cristo) e descarta os "inconvinientes". Embora Obama não seja Católico, diz-se Cristão. Mas não será perturbador quando um Cristão apoia o aborto e diz ainda que em determinados casos "a gravidez é um castigo"? Por sua vez, o McCain também pouco ou nada diz publicamente sobre a sua posição relativamente ao aborto, mas a maneira como tem votado no senado em relação a materias respeitantes deixa transparecer o facto de que também não tem grandes problemas com a "interrupção voluntária da gravidez".


Paremos para pensar um pouco. Como é que é possível considerar uma gravidez um castigo? Para os Cristãos a vida humana é das coisas mais sagradas que existe. Nada justifica a morte de uma criança indefesa e inocente, especialmente não dizer que "foi um descuido". Se nem a vida intrauterina respeitamos, como poderemos respeitar os nossos irmãos com quem vivemos e convivemos no dia-a-dia? A vida humana, portanto, não tem valor por si só, como uma dádiva de Deus (independentemente das condições em que vem ao mundo)? A solução para gravidezes indesejadas não é assassinar a parte inocente, é aprender a lidar com ela. É aprender a utilizar essa oportunidade para crescer em amor, para nos tornarmos mais humanos. Passa por mobilizar a familia (essa instituição tão ameaçado nos dias de hoje) e por ensinar aos mais novos a correcta utilização - sã e humana -da nossa sexualidade segundo os ensinamentos do Senhor.

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